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IARARANA
Revista de arte, crítica e literatura
Ano IX n° 13 a- abril 2007
(Brasil)

Contiene cinque poesie da
Il male inconsapevole
tradotte in portoghese da
Vera Lúcia de Oliveira


    *

Che sia l'albero di Giuda questo amore
appeso in un angolo appartato della casa.
Dalle mani perse nei tagli
nelle cicatrici dei baci
nei piedi irrequieti, in attesa
di ripercorrere lo stesso identico percorso.

I nostri corpi ci stavano stretti
ce li eravamo scambiati
per caso o per sconfiggere la sorte.
Ora la pelle scolpisce altre parole
filtra la luce e attende con distacco
altri profumi, o i giochi della morte.


      *

    E se for a árvore de Judas este amor
    pendurado num canto apartado da casa.
    As mãos perdidas nos cortes
    nas cicatrizes dos beijos
    nos pés inquietos, aguardando
    percorrer o mesmo idêntico percurso.

    Os nossos corpos não nos bastavam
    nós os tínhamos trocado entre nós
    por acaso ou para derrotar a sorte.
    Agora a pele cinzela outras palavras
    filtra a luz e aguarda distanciada
    outros perfumes, ou os jogos da morte.



NOVEMBRE DEI VIVI

Giustiziato eppure cammina a passo
di danza: viene da un mondo recluso
in bocca ha croste di pane ammuffito
nello zaino un cartone di latte
nero ancor prima d'essere bevuto.

Il vento caldo d'agosto sfibrava
le labbra insanguinate.
Era felice quel giorno per questo
inviò un saluto agli amici, anche quelli
lontani o che non aveva mai conosciuto.

Foglie gialle dalle mani di fuoco
non il calore che arriva
da sotto, dalla guerra
dai laghi di petrolio
dal grido senza volto del dolore.

Decapitato ma cammina, è vivo
e procede dritto verso il bersaglio
dopo anni dove tutto andava storto
turbato dagli scopi, messo in croce
la faccia contro il muro del peccato.


    NOVEMBRO DOS VIVOS

    Executado e contudo anda com passo
    de dança: vem de um mundo recluso
    na boca tem cascas de pão mofado
    na mochila uma caixa de leite
    negro mesmo antes de ser bebido.

    O vento quente de agosto esgotava
    os lábios ensangüentados.
    Estava feliz naquele dia por isto
    mandou saudações aos amigos, mesmo aos
    de longe ou que nunca havia conhecido.

    Folhas amarelas das mãos de fogo
    não o calor que vem
    de baixo, da guerra,
    dos lagos de petróleo
    do grito sem vulto da dor.

    Decapitado mas anda, está vivo
    e prossegue ereto rumo ao alvo
    depois de anos em que tudo dava errado
    transtornado pelos estampidos, crucificado
    a cara contra o muro do pecado.



QUELLO CHE NON MERITO

Dentro di noi ci sono i pali delle luci
e i segnali abbattuti dal freddo polare
mi tendi la mano a uncino e io l'afferro
mi sollevo appena sulla punta dei piedi.

Più in alto trovo la sabbia e l'allegra
fila delle orme degli uccelli: la scrittura
insonne, vibrante nel rosso delle rose
nelle vene che scoppiano sulla fronte
nei segni dell'abbandono, delle spine
e sotto i cavi ghiacci perché uso il male
come un piccone, un martello pneumatico
vado a fondo nella carne (la mia, la nostra)
porto via il fegato, i polmoni, il cuore.

          Quello che resta degli occhi.


    O QUE NÃO MEREÇO

    Dentro de nós estão os postes de luzes
    e as placas que o frio polar abateu
    estendes tua mão de gancho e a agarro
    mal me erguendo na ponta dos pés.

    Mais para o alto encontro a areia e a alegre
    fila dos rastros das aves: a escritura
    insone, vibrante no rubro das rosas
    nas veias que estouram na testa
    nos sinais do abandono, dos espinhos
    e por baixo os cabos gélidos porque uso o mal
    como um picão, um bate-estacas
    vou fundo na carne (na minha, na nossa)
    arrancando fígado, pulmões, coração.

              O que resta dos olhos.



    *

Afferrano i capelli le coline qui sotto
i vigneti ti fanno sentire più solo
ma d'usa sana e schietta solitudine.
La ringhiera che circonda il terrazzo
ha il muso torto dell'animale bastonato
per ricondurlo all'ordinaria mansuetudine.

Il sonno non inganna
le ore d'attesa e il vento
umbro frana sulle labbra.
Mi allaccio al giardino
interno delle casa basse
a quell'albero d'alloro
dai piccoli fiori bianchi
le foglie lisce e profumate.

Cammino per i vicoli d'Orvieto.
Una marea di persone ha invaso
Roma per i funerali del papa.
È venerdì, 8 aprile e fa freddo.
      *

    Aferram os cabelos as colinas aqui embaixo
    os vinhedos te fazem sentir mais só,
    mas de uma solidão sadia e sincera.
    A balaustrada que contorna o terraço
    tem o focinho retorcido do animal surrado
    para que retome a costumeira mansidão.

    O sono não engana
    as horas de espera e o vento
    da Úmbria desmorona nos lábios.
    Ato-me ao jardim
    interno das casas baixas
    àquela árvore de louro
    de pequeninas flores brancas
    as folhas lisas e perfumadas.

    Caminho pelas ruelas de Orvieto.
    Um mar de pessoas invadiu
    Roma para os funerais do papa.
    É sexta-feira, 8 de abril, e está frio.



    *

Intreccio d'ombra
senza testa né coda.
Fiatare e proiettarsi
al di là dello scontro.
Dall'amore si passa
nella bocca dell'odio
dell'assurdo distacco.

Resta una traccia
che tu non vedi
così con il tempo
l'intesa si sfalda.

Assalgono le strade per questo inciampo nel viaggio
come funghi mi crescono dentro a edera che avvolge
e non scalda, strappano i muscoli e svuotano le vene.
Volevo ammirarti (al buio) senza dar fuoco al mondo.


      *

    Entrecho de sombras
    sem início nem fim.
    Respirar e projetar-se
    para além do embate.
    Do amor passamos
    para a boca do ódio
    do afastamento absurdo.

    Resta um rastro
    que tu não vês
    assim com o tempo
    desfaz-se a aliança.

    Avançam as ruas, por isto tropeço na viagem
    feito cogumelos crescem em mim em hera que envolve
    e não aquece, arrancam os músculos e esvaziam as veias.
    Queria admirar-te (no escuro) sem pôr fogo no mundo.


Nota da tradutora:
Quero agradecer aqui a amiga Roberta Barni, pelas excelentes seguestões que melhoraram alguns versos.



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